O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por meio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), promoveu na manhã desta segunda-feira (14), no auditório da instituição, uma palestra ministrada pelo promotor de Justiça do MP de São Paulo (MPSP) e professor de Direito Penal, Rogério Sanches.O promotor discorreu e promoveu um debate com os membros e outros convidados presentes no evento sobre questões controvertidas da colaboração premiada, com base em teses sobre o tema criadas pelo promotor. As 18 teses apresentadas, encomendadas pelo MPSP, estão sendo discutidas pela instituição ministerial paulista e vem sendo levadas a outros MPs nacionais e ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
“Após 4 anos de vigência da Lei 12.850 de 2013, o instituto da colaboração premiada já começa a despertar algumas questões que passaram despercebidas pelo legislador, que o dia a dia trouxe essas questões à tona e os MPs devem debatê-las. Por isso, trouxe essas teses, que talvez se tornem teses institucionais neste tema, para serem debatidas com o MP do Acre”, explicou o promotor de Justiça.
Ele ressaltou que colaborações unilaterais, sem acordo formalizado com o MP, devem ser caracterizadas como meras confissões e não estão sujeitas aos prêmios da Lei 12.850/13. O promotor falou ainda sobre a admissão da colaboração premiada de agentes presos, defendida por ele, ressaltando que a referida Lei não proíbe. “Não se pode dar mais direitos para quem está solto do que para quem está preso. Impedir a colaboração de quem está preso seria ferir o direito de defesa”, apontou o promotor.Também defendeu que os prêmios previstos na Lei são meramente exemplificativos, não exaustivos, já que, na prática, tem sido recorrente a aplicação de outros benefícios. “Precisamos ter uma liberdade maior para negociar os rumos do processo, a depender do que precisamos e o colaborador tem para nos entregar”, opinou.
ProgramaçãoO evento realizado hoje atende a um pedido feito pelo procurador-geral de Justiça Oswaldo D’Albuquerque Lima Neto às instituições ministeriais das quais os palestrantes são membros, e faz parte, ainda, do Congresso Jurídico do Acre, promovido pela comissão de formatura do curso de direito da Uninorte em parceria com a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do Acre (OAB/AC).
“A jurista Maria Berenice, que também está visitando o estado e trabalha temas de família e violência contra a mulher e homoafetividade, se interessou pelo trabalho que estamos fazendo nessa área e foi convidada para palestrar sobre Homoafetividade e Direito LGBT. Já o promotor de Justiça Cristiano Chaves vai falar sobre a nova atuação do MP no Processo Civil como autor e como fiscal da ordem jurídica, à luz do Código de Processo Civil de 2015″, detalhou.