O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC), por intermédio do Núcleo Permanente de Incentivo à Autocomposição (Napaz), em parceria com o Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF), deu início na tarde desta segunda-feira (3) a um ciclo de palestras sobre mediação de conflitos no ambiente escolar e familiar.
Intitulada “Diálogos Autocompositivos: Por uma Cultura de Paz” e transmitida por meio da plataforma Zoom e pelo canal do MPAC no YouTube, a capacitação tem como público-alvo educadores, pais e alunos da rede municipal e estadual de ensino, além de membros e servidores do órgão ministerial.
A promotora de Justiça e coordenadora do Napaz, Diana Soraia Tabalipa Pimentel deu início à programação com a palestra “Conversa sobre Comunicação Não Violenta”. A abertura do evento virtual contou ainda com a presença do procurador-geral de Justiça em exercício, Sammy Barbosa Lopes, e da procuradora de Justiça e coordenadora do CEAF, Patrícia de Amorim Rêgo, além da coordenadora administrativa do Napaz, Karine Frantiesca da Silva, e da mediadora do núcleo, Ananda Katrine.
A coordenadora do CEAF ressaltou o momento propício para a discussão do tema. “É um assunto muito importante, especialmente nesse período de isolamento social, onde as tensões no ambiente doméstico tendem a se amplificar e estamos distantes da escola”.
“A crise aguda de violência que vivenciamos é anterior à crise aguda de saúde pública pela qual estamos passando. O grande objetivo nosso enquanto agentes de estado ou cidadãos é promover a paz e deixar esse legado para a sociedade”, reforçou o procurador-geral de Justiça em exercício.
No decorrer da semana, também serão ministradas palestras com os temas “Violência, Segurança e Paz”, com o promotor de Justiça Carlos Pescador (dia 4); “Educação para a paz em tempos difíceis”, com a promotora de Justiça Bianca Bernardes” (dia 5); “A convivência democrática em ambiente escolar”, com o professor Dr. Em educação pela UFScar, Antonio Barreto (dia 6); e “Direitos Humanos: o que (não) são?”, com o promotor de Justiça Thalles Ferreira (dia 7).
Comunicação não violenta
Em sua palestra de abertura, a promotora de Justiça e coordenadora do NAPAZ salientou que o objetivo da capacitação é promover a paz nas escolas e mudar o ambiente escolar, tornando-o um ambiente aprazível para todos.
“Cada participante trará um enfoque diferente a respeito do tema, entretanto tudo se converge para a cultura de paz”, disse.
Citando o livro “Comunicação não-violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos interpessoais e profissionais”, de Marshall Rosemberg, a promotora de Justiça lembrou que somos acostumados a fazer uma comunicação violenta, mas que o autor demonstra que é possível mudar essa atitude.
A promotora enfatizou que a ideia de comunicação não violenta se baseia em habilidades de linguagem e comunicação, que fortalecem a capacidade de continuarmos humanos, mesmo em condições adversas.
“Nos comunicamos de forma violenta quando fazemos julgamento moralizadores, quando olhamos a atitude uma pessoa e comparamos com nossos valores e julgamos, e a partir disso as rotulamos”, apontou.
“Quando julgamos os outros, estamos na verdade realizando uma expressão de nossas necessidades e valores. Quando o outro vê que está sendo julgado, normalmente tem uma atitude defensiva, agressiva ou se esconde por medo, e todas essas atitudes não são interessantes para o mundo em que se valoriza o diálogo. Não podemos oprimir o outro, devemos dar também espaço ao outro e deixarmos de lado os rótulos”, frisou.
A promotora explicou ainda que a essência da comunicação não violenta é o diálogo e o respeito pelas ideias divergentes, e que os educadores têm um papel importante para ajudar a formar uma geração que aprenda a resolver seus conflitos dialogando e respeitando o outro.
“A comunicação não violenta pode transformar a nossa forma de ver o mundo e de nos comunicarmos. Na medida em que ela substitui nossos velhos padrões de defesa, de recuo ou de ataque diante de julgamentos e críticas, nós vamos percebendo os outros, nos percebendo e nos tornando pessoas melhores”, finalizou a coordenadora do NAPAZ.
Agência de Notícias do MPAC